Medieval: A Fundação e Condado Portucalense



Vivia-se numa época caracterizada pela fragmentação política: os reis, por falta de força e de meios, entregavam aos companheiros de armas o governo de algumas terras.
O alargamento para sul do reino de Leão e Castela, assim como de outros reinos cristãos, determinou que famílias poderosas, submetidas ao domínio daqueles reinos, e lesados nos seus interesses, principiaram a opôr-se a este poder central.
Ao sul da Galiza existia uma família que governava um conjunto de terras na região de Portucale (nome que deriva de duas cidades Portus e Cale situadas na foz do rio Douro defronte uma da outra), sob um regime de quase completa autonomia a onde se verificava uma nítida tendência oposicionista ao poder central.
Neste contexto a Província Portucalense - região entre o Minho e o Tejo - foi doada por causa do auxílio prestado na conquista de Toledo, Santarém e Lisboa, cerca do final do Séc. XI, por volta de 1093, por Afonso VI rei de Leão e Castela, sob a forma de condado hereditário, ao Conde D.Henrique, - que reunia em suas mãos todos os poderes militares, judiciais e administrativos dos quais dispunha com a maior amplitude, - pertencente à nobreza francesa, e neto do rei de França, Roberto II.

Independência do Condado
D.Henrique, era bastante poderoso para fàcilmente se possuir da ideia de independência e rebelião, comum naquela época, e como os distritos desta província estavam demasiado afastados da acção imediata do rei, ràpidamente procura tornar o seu Condado independente libertando-se da tutela do rei de Leão e Castela.
Era grande o seu espírito de independência.
Após o seu falecimento em 1114, assumiu o governo sua esposa D.Teresa, filha bastarda de Afonso VI, que continuou a lutar àrduamente pela independência do Condado sem nenhum êxito.
D.Teresa deixara-se cativar pelo prestígio de Fernão Peres, conde de Trava e fidalgo galego, que pretendeu casar com ela, desapossando assim os direitos de Afonso Henriques, que nunca vira com simpatia os amores de sua mãe.
O jovem Afonso pôs-se à frente dum movimento revolucionário preparado por fidalgos portugueses que conduziu a uma renhida batalha junto a Guimarães.
Após a batalha de S.Mamede em 1128 frente às tropas de sua mãe, fica senhor do Governo, expulsando-a para a Galiza e aos fidalgos galegos e portugueses que a acompanhavam nessa intentona.
Conseguiu derrotar por várias vezes os leoneses de quem o Condado dependia administrativamente, e os Mouros seus vizinhos a quem tomara já algumas terras.
Muito se distinguiram nestas reconquistas as ordens religiosas e militares - Templários, Santiago, Hospitalários e Calatrava, desempenhando uma acção importantíssima no alargamento do território, sua consolidação e defesa.

Reino de Portugal
D. Afonso Henriques continua a política do pai pelo alargamento do território e autonomia do Condado.
Visando transformar este feudo numa nação independente, D.Afonso Henriques - governador do Condado Portucalense - vassalo de Afonso VII rei de Leão e Castela que nunca cumpriu a vassalagem, conseguiu que este, pelo Tratado ou conferência de Samora em 1143 lhe concedesse definitivamente a independência e o título de Rei de Portugal, que o Papa não confirmou, concedendo-lhe apenas o título de "dux Portucalorum".

Medieval: Ordem de Cristo



Já quase tudo foi escrito sobre os Templários. Desde a sua origem até a sua extinção, por ordem do Papa Clemente V na célebre sexta-feira de 13 de Outubro de 1307, não faltam narrativas científicas, pseudo-científicas e algumas assumidamente ficcionadas sobre os cavaleiros da Ordem do Templo.
Menos conhecida é a sua importância na consolidação da independência portuguesa, no reinado do nosso primeiro Rei, a par com a ordem de Cister. Em ambos os casos, D. Afonso Henriques contou com o forte apoio de Bernard de Clairvaux, mais tarde São Bernardo, cujo influência nestas duas importantes instituições na europa medieval foi decisiva. Recorde-se que no caso da ordem de Cister, derivada da ordem de Cluny, foi concedido o Mosteiro de Alcobaça. Os Cavaleiros do Templo, decisivos na conquista de Lisboa em 1147, foi-lhes oferecida a cidade de Santarém. No entanto, esta cidade era também reclamada pelo Bispo de Lisboa, pelo que, com a intervenção de Gualdim Pais, a ordem acabou por estabelecer-se em Tomar.
Os Templários foram importantes não só na conquista militar do Reino, mas também no reconhecimento papal, onde S. Bernardo foi certamente decisivo, ou não tivesse ele, tal como D. Afonso Henriques, raizes na região de Borgonha.
Com a extinção da ordem decretada pelo Papa, após pressões de Filipe "o Belo", Rei de França, os cavaleiros da Ordem foram ferozmente perseguidos. Provavelmente, o motivo da perseguição foram as elevadas dívidas que a coroa francesa teria contraído junto destes, senhores de uma grande fortuna. A sua extinção foi a solução encontrada, contando com o beneplácito do Papa, que tinha sido eleito com o apoio do monarca francês.
Em Portugal, D. Dinis adoptou uma posição original. Formalmente, extingue-se a Ordem, mas cria-se uma nova com a quase totalidade dos bens e dos cavaleiros do Templo. Esta inteligente solução garantiu a presença dos Templários em Portugal, ainda que com outro nome, e assim nasceu a Ordem de Cristo.
Já escrevi (neste mesmo blog), que considero a Ordem de Cristo a primeira multi-nacional do mundo. A missão das descobertas, embora patrocinadas pela coroa, era conduzida pela Ordem, cuja cruz nunca abandonou as velas das naus que percorreram o mundo, e que teve como mestre o Infante D. Henrique.
Recentemente, Paulo Alexandre Loução levantou uma hipótese sobre o espólio dos templários, que creio que não seja dispicienda. Não se trata nem de ouro, nem de prata ou qualquer outra riqueza material, mas sim de documentos que foram encontrados pelos Cavaleiros da Ordem nos locais onde se tinham estabelecido e que foram reunidos num acervo único. Para onde terá ído esse tesouro? Fala-se da Escócia, mas quem nos garante que não tenha vindo para Portugal, onde podiam contar com o Rei que os protegia?
Talvez a epopeia dos Descobrimentos portugueses não tenha sido "mero acaso". Quem sabe se nesse espólio não constavam as viagens de circum navegação do continente africano realizadas pelos fenícios nos séculos VII e VI a.c.? Não terá sido esse o motivo que levou o Rei Lavrador a mandar plantar um pinhal de onde saiu a madeira para as caravelas? Não terá D. Dinis deixado esse legado aos seus sucessores?

Esoterico: A Fé que não salva



Desde os primeiros séculos do cristianismo, quando o texto grego do Evangelho foi traduzido para o latim, principiou o erro de associação entre "crer" com "fé". A palavra grega para fé é pistis, cujo verbo é pisteuein.
Infelizmente, o substantivo latino fides, correspondente a pistis, não tem verbo e, assim, os tradutores latinos viram-se obrigados a recorrer a um verbo de outro radical para exprimir o grego pisteuein: credere, que em português deu "crer".
Nenhuma das cinco línguas neo-latinas português, espanhol, italiano, francês, romeno - possui verbo derivado do substantivo fides, fé; todas estas línguas são obrigadas a recorrer a um verbo derivado de credere.
Ora, a palavra pistis ou fides significa, originalmente, harmonia, sintonia, consonância. Portanto, ter fé é estabelecer ou ter sintonia e harmonia entre o espírito humano e o espírito divino.

Nos tempos modernos, é fácil estabelecer o seguinte paralelo ilustrativo: um receptor de rádio só recebe a onda eletronica emitida pela estação emissora, quando o receptor está sintonizado ou afinado perfeitamente com a frequência da emissora; se a emissora, por exemplo, emite uma onda de frequência 100, o meu receptor só reage a essa onda e recebe-a quando está sintonizado com a frequência 100; só neste caso, o meu receptor tem fé, fidelidade, harmonia ou está em consonância com a emissora.

Se o espírito humano não está sintonizado com o espírito de Deus, ele não tem fé, embora talvez creia. Esse homem pode, em teoria, aceitar que Deus existe, e apesar disso, não ter fé. Ter fé é estar em sintonia com Deus, tanto pela consciência como também pela vivência, ao passo que um homem sem sintonia com Deus pela consciência e pela vivência, pela mística e pela ética, pode crer vagamente em Deus.
Crer é um acto de boa vontade; ter fé é uma atitude de consciência e de vivência. A conhecida frase "quem crer será salvo, quem não crer será condenado", é absurda e blasfema no sentido em que ela é geralmente usada pelos teólogos. Mas, se lhe dermos o sentido verdadeiro, ela está certa, porque a salvação não é outra coisa senão a harmonia da consciência e da vivência com Deus.
A substituição de "ter fé" por "crer" há quase dois mil anos desviou a teologia e deturpou profundamente a mensagem do Cristo.

Religião: Inquisição em Terras Lusitanas



As negociações entre a Coroa portuguesa e a Cúria romana, que procederam o estabelecimento da Inquisição em Portugal, duraram mais de trinta anos. Durante este período, o dinheiro oferecido pelos cristãos-novos contrabalanceava as ofertas da Coroa portuguesa, oscilando em função disso a decisão do papado.
Por volta de 1530, o Estado português, começa a sofrer uma grave crise econômica. O governo de D. João III empenhou-se em luta com a Santa Sé, disputando a distribuição das rendas da igreja e a supremacia dos negócios eclesiásticos do reino.
Ainda em 1525, no primeiro pedido para o estabelecimento do Santo Ofício em Portugal, D.João III remete a Roma sua pretenção e nela pretendia-se apenas julgar os acusados de heresia, ainda sem a violação do segredo das testemunhas e o confisco de bens. Mas a corte romana defendia então uma política generosa em relação aos cristãos-novos, não apenas porque os ideais do Renascimento se inspiravam num clima de paz cristã, como ainda por reconhecer a dinâmica da gente mosaica na formação dos Estados modernos. Pelo que se vê o jogo de interesses é maior do que cumprir os mandamentos de Deus e combater os infiéis aos olhos da igreja.
As negociações continuam até que a Inquisição se estabelece em território lusitano, pela bula de 23 de maio de 1536, que nomeia três inquisidores, os bispos de Lamego, Coimbra e Ceuta. Os termos da bula são benevolentes, reservando aos bispos o direito sobre as coisas da fé e concedendo aos acusados o direito de defesa, bem como proibindo a confiscação de seus bens durante, pelo menos dez anos, pois bem sabia o papa do exemplo da Inquisição espanhola, onde os mais vigiados e acusados eram os comerciantes de sangue judeu.
É evidente que tais disposições seguiam os rigores da Inquisição medieval e era orientada pelo Manual dos Inquisidores. Assim, quando a bula menciona a defesa do réu esta deve se proceder da maneira habitual, com um advogado escolhido pela Inquisição, que deveria agilizar o processo e fazer com que o réu se arrependesse logo .
Além disso, a Inquisição portuguesa é instituída em pleno século XVI, quando a economia capitalista começa florescer e os interesses clericais começam a girar em torno de outros objectivos, do que meramente perseguir hereges e combater heresias.
O primeiro auto-de-fé realizou-se em Lisboa, a 20 de setembro de 1540, seguindo-se outros em Coimbra, Porto, Lamego, Tomar e Évora. Devido a contínuos desentendimentos, o papa mandou suspender a actividade do Tribunal do Santo Ofício em 1544.
O governo português inconformado, propõe negociações e mais negociações até que o papa, diante de uma proposta irrecusável que trazia incomparáveis vantagens econômicas, percebeu a urgência e a necessidade de se combater as heresias e propagar a fé cristã em terras portuguesas e pela bula meditatio cordis, de 16 de julho de 1547, revigora-se a fé católica restabelecendo a Inquisição neste país.
A partir de então a Inquisição portuguesa presencia momentos de extrema eficiência, mas com requintes de crueldade, como os anos em que foi inquisidor-mor D. Henrique, irmão de D. João III, onde ocorreu o corte de toda apelação dos cristãos-novos a Roma e a concentração numa mesma pessoa, rei e inquisidor, a suprema autoridade política e a suprema autoridade religiosa. Assim o Tribunal do Santo Ofício assume o centro de poder do Estado português, mandando e desmandando da forma que lhe conviesse as dissidências da igreja católica.
Mas nem tudo se procedue de forma tranquila e a Inquisição lusitana encontrou oposição no seio da própria igreja, na figura do padre Antonio Vieira, que tentou de todas as formas impedir a acção do Santo Ofício, tanto que chegou a ir á Roma para denunciar ao papa Clemente IX os métodos e as injustiças da Inquisição portuguesa.
Seu brilhantismo foi tal que em 1674, o papa suspende as actividades do Santo Ofício, mas por pouco tempo pois os hereges portugueses tinham de ser perseguidos e em 1681, o Tribunal de Deus volta as suas atividades normais.
Ao se instaurar a Inquisição em Portugal, algo mudou nesta sociedade. Os povos que viviam relativamente bem foram hostilizados uns contra os outros, e quem saiu perdendo foi o cristão-novo, pois além de assumir perante a igreja, a figura de um grupo perigoso, ele também possuía as riquezas que a igreja tanto precisava para empreender as obras de Deus.
A acção do Santo Ofício português atingiu de forma, quase direta, o povo judeu. Entretanto não se deve esquecer que vários outros grupos e dissidências fizeram parte da lista maldita da Inquisição, porém a ação sobre estes grupos se fazia de forma mais branda e amena para não despertar a crença de que a Inquisição fora instalada para angariar recursos.
- Fonte: http://www.cav-templarios.hpg.ig.com.br/

Religião: Inquisição Poder e Politica



A Inquisição é tema que não se esgota. Instituída em 1232 pelo papa Gregório IX ela vigorou até 1859, quando o papado extinguiu definitivamente o Tribunal do Santo Ofício. Portanto, funcionou durante longos seis séculos. Devido a esta complexidade é que se optou por explorar o campo do confisco dos bens dentro do Tribunal do Santo Ofício, instituição que tão bem se utilizou do poder para manter-se viva no seio da sociedade durante um longo período histórico. Entretanto, o assunto em questão aparece em todos os momentos da actuação do Santo Ofício, ficando por demais difícil fazer uma boa análise dentro de um período tão longo. Devido a isto delimitei um pouco mais meu campo de actuação e me restringi ao solo português, tentando entender a questão de forma mais precisa. A Inquisição em Portugal foi instituída em 1536, nos moldes medievais sob a liderança do poder régio. Diferentemente da Inquisição medieval, que possuía como objectivo maior o combate às heresias, a Inquisição portuguesa era comandada pelo rei que centralizava, fortificava e solidificava seu poder através do confisco dos bens. Afinal alguém teria que manter tão complexa estrutura. O alvo maior em solo lusitano era o cristão-novo, judeus convertidos a fé cristã, que a Inquisição julgava manter seus ritos judaicos secretamente. Acusados de profanar as hóstias e desvirtuar muitos cristãos do caminho de Deus, esse povo pagou com a vida e com seus bens a manutenção do equilíbrio do reino. É bem verdade que antes da Inquisição se oficializar em terras portuguesas os judeus tiveram protecção e abrigo em troca de alguns tributos especiais do próprio Estado, mas isso só durou enquanto isso trazia algum benefício ao poder régio. Instaurada a Inquisição era preciso que se tivesse hereges a serem perseguidos e nada mais comodo do que unir o útil ao agradável, ter quem se queimasse na fogueira deixando todos seus bens para a santa madre igreja. É claro que a fórmula não é tão simplista assim, mas devido as circunstâncias tudo leva a crer que abusos dessa ordem eram cometidos, pois quando da instalação da Inquisição em solo lusitano, tentou se conter abusos no tocante ao confisco de bens. Tanto que pela bula de 23 de maio de 1536, a qual instituí o Tribunal do Santo Ofício em Portugal, se determinava que não deveria haver confisco de bens em todo o território por pelo menos dez anos. Em 1576, nova tentativa de se conter abusos decretando-se que seria excomungado aquele que tomasse os bens de judeus confiscados pelo poder da Inquisição. Neste sentido, pode-se dizer que se havia leis e decretos tentando coibir a ação da Inquisição sobre os bens de seus condenados é porque os abusos existiam e muitos foram os sacrificados em favor da permanência do poder régio e eclesiástico. O presente estudo teve como fonte histórica o Manual dos Inquisidores, obra escrita em 1376 por Nicolau Eymerich e revisado em 1576 por Francisco de la Peña. A obra se delimita a acção do Santo Ofício, esclarecendo o funcionamento, a estrutura e a actuação da Inquisição sob os auspícios da Igreja católica. A importância deste manual para o presente estudo se funda na questão do confisco de bens que, pelo que se pode perceber muito bem, era praticado desde a gênesi da Inquisição. Sob a luz do conhecimento histórico, iluminado pelas luzes da fonte escolhida é que se propôs estudar o confisco de bens em terras lusitanas, tema de fundamental importância para entender a dinâmica do próprio Brasil colonial, pois afinal o nosso país é de posse portuguesa neste momento histórico. Essa pesquisa é pano de fundo para estudos futuros que pretendem desenvolver uma análise sobre a actuação da Inquisição lusitana em solo brasileiro. Pois ao que tudo indica a Inquisição via tudo e estava em todos sos lugares, tal qual Deus vigia seus fiéis a cada instante do dia.
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Medieval: Os Templarios em Portugal



Misteriosa Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão era uma força que gozava de uma invejável posição, com dezenas de castelos construídos na Inglaterra, França, Alemanha, Espanha e Portugal, além daqueles espalhados pelo Oriente Médio.
Exímios organizadores, disciplinados, construíram um imenso império financeiro, apoiado no patrimônio imobiliário.
Tornaram-se autênticos banqueiros, utilizando as primeiras formas de letras de câmbio e de cheques.
A Ordem passou a ser indispensável ao governo pontifício e recebia total apoio dos Papas.
Um ano após a morte do Grão-Mestre Jacques de Molay, também morre o autor do ataque insano aos Cavaleiros do Tempo...o monarca Filipe o Belo, e uma das suas maiores motivações para esse ataque nunca foi encontrado: O Tesouro do Templo.
Existe uma forte possibilidade de que na véspera da prisão em massa dos Templários, o tesouro tenha sido transportado para o monte Saint-Michel, onde 18 barcos o aguardavam. O seu destino? Certamente...Portugal, Tomar.
Em Portugal, os Templários eram o mais querido braço militar da monarquia, devido aos feitos de Gualdim Pais que além de fundador de Tomar e mestre templário, foi o grande responsável pela consolidação da Ordem do Templo em Portugal. Nasceu no ano de 1118 em Marecos, hoje Amares.
Também fundou o Castelo de Almourol, o da Idanha, o de Ceres, o de Monsanto e o de Pombal. Deu foral a Pombal em 1174.
D. Afonso Henriques sagrou-o cavaleiro na lendária batalha de Ourique, contra os Mouros. Partiu depois para a Palestina, ali ingressando no Templo. Durante 5 anos, notabilizou-se nos confrontos contra os Sultões da Síria e do Egito. Regressou à pátria, foi comendador da Ordem em Braga e em Sintra, até que tornou-se quarto Grão-Mestre da Ordem no ano de 1157 em Portugal.
Recuperou o Castelo de Almourol, e foi sob o seu comando que os Cavaleiros Templários repeliram, em 1128, no seu recém-construído Castelo de Tomar, o poderoso exército de Yacub (califa Abu Yusuf Ya'qub al-Mansur), o rei marroquino que ameaçava o reino. Certamente os monarcas portugueses não esqueceriam este serviço!
O Rei D. Diniz engendrou uma fórmula inteligente para proteger a Ordem do Templo sem desobedecer à vontade papal.
D. Diniz reiterou que os Templários não haviam cometido crime nenhum em Portugal, o Papa por sua vez reclamou os seus bens e o Rei sutilmente propôs uma troca: os bens por uma nova ordem, a Ordem de Cristo e o Papa é claro, aceitou sem pestanejar. Então o Rei transferiu todo o patrimônio dos cruzados para a Ordem de Cristo, que não deixou de ser uma antiga conhecida, composta pelos próprios templários.
Assim, D. Diniz garantiu a permanência da Ordem em terras portuguesas e Portugal virou refúgio para perseguidos em toda a Europa. Chegavam fugitivos de vários países e o Castelo de Tomar virou a caixa-forte dos segredos que a inquisição não conseguiu arrancar. A nova "Ordem de Cristo" foi reconhecida dois anos depois...em 1319 pelo novo Papa João XXII.
Começava para os cavaleiros uma nova era, uma nova missão...A missão do Templo retomava caminho nas caravelas portuguesas...
A nova Ordem de Cristo tornou-se o principal agente dos descobrimentos lusos, sob a administração de D. Henrique. A igreja Santa Maria do Olival seria o modelo de todos os templos construídos nos novos territórios, onde se reunia a cúpula da Ordem e onde também foram sepultados 28 mestres, inclusive Gualdim Pais. Os túmulos mais antigos foram violados, e os restos mortais, incluindo os de Gualdim, desapareceram.
Ainda assim, perdura a carga simbólica templária: sobre a porta de entrada há uma enorme estrela de cinco pontas, a Estrela de Salomão, sobre uma rosa, símbolo do renascimento. Esta simbologia repete-se no "Convento de Cristo", cenário escolhido para representar a epopéia dos Descobrimentos.
O Convento de Cristo (quartel-general dos Templários) é um dos monumentos mais investigado por historiadores, arqueólogos, místicos e até mesmo simples curiosos. Até o momento, ninguém conseguiu encontrar a chave para o tesouro ou a misteriosa missão da Ordem do Templo. Mas todos julgam encontrar pistas.
A riqueza do "Convento de Cristo" prende-se, sobretudo, com a grandiosidade: tem nove claustros e uma variedade de estilos arquitetônicos; o românico do Templários; o gótico; o manuelino dos Descobrimentos; o neoclássico; o maneirismo e o barroco devido ao domínio filipino.
Patrimônio Mundial desde Dezembro de 1983, o Convento forma, com o Castelo Templário de Tomar (Thomar) um dos mais importantes conjuntos da arquitetura de Portugal.
O núcleo irradiador de todo o discurso arquitetônico é a charola em prisma octagonal, com oito andares. Originalmente igreja Templária do século XII, foi transformada em capela-mor da igreja manuelina.
A Charola era o coração do Mosteiro e local de oração para os Templários. Foi por muitas vezes chamada Rotunda, dada a sua forma redonda com origem na Rotunda do Santo Sepulcro, em Jerusalém.
Com o formato de um tambor de 16 faces, apresenta uma exuberante decoração interior, composta essencialmente por esculturas e frescos, que representam cenas da Bíblia.
O Mestre da Ordem do Templo em Portugal, Gualdim Pais, decidiu-se pela construção de um novo castelo, em local mais adequado, e que viria a tornar-se a sede da Ordem no país:
O Castelo de Tomar (Thomar) apresenta elementos de arquitetura militar nos estilos românico, gótico e renascentista.
Alguns autores apontam a presença de vestígios indicativos de uma estrutura militar anterior, que poderia remontar à época romana e que teria perdurado até à época islâmica, referindo a presença, no aparelho dos muros, de algumas placas decorativas, de cronologia visigótica ou moçárabe, provavelmente oriundas do sítio de Santa Maria dos Olivais, à margem esquerda do rio Nabão.
Não se sabe com certeza qual a razão que levou à opção por Tomar. Alguns estudiosos afirmam que o novo sítio, em um outeiro à margem direita do rio Tomar (atual Nabão), dominando uma planície, era estratégicamente mais vantajoso.
Outros argumentam que o sítio foi escolhido considerando a sua posição na linha que, em relação ao Meridiano de Paris, forma um ângulo de 34°, comum nos projetos arquitetônicos da Ordem, correspondente à diagonal da relação de 2/3 observada na constelação de Gêmeos, um dos símbolos Templários.
De qualquer modo, a construção do Castelo de Tomar iniciou-se em 1 de Março de 1160, conforme inscrição epigráfica em seus muros.
Na mesma época, iniciou-se a construção da Charola, posteriormente adaptada a Capela-mor, uma das edificações templárias mais importantes no Ocidente.
A vila de Tomar foi elevada à categoria de cidade por alvará de D. Maria II (1826-1828 e 1834-1853), em 13 de Fevereiro de 1844.
O castelo encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1918, e como Património da Humanidade, pela pela Assembléia Geral da UNESCO de 27 a 30 de Junho de 1983.
O Castelo de Almourol
Almourol foi conquistado em 1129 por D. Afonso Henriques (1112-1185). O soberano entregou o castelo aos Templários, então encarregados do povoamento do território entre o rio Mondego e o Tejo, e da defesa da então capital de Portugal, Coimbra.
O castelo foi reedificado, tendo adquirido, em linhas gerais, as suas atuais feições, características da arquitetura templária: espaços de planta quadrangular, muralhas elevadas, reforçadas por torres adossadas, dominadas por uma torre de menagem. Uma placa epigráfica, colocada sobre o portão principal, dá conta que as suas obras foram concluídas em 1171, dois anos após a conclusão do Castelo de Tomar, edificado por determinação de Gualdim Pais. As mesmas características arquitetônicas estão presentes também no Castelo de Idanha, no de Monsanto, no de Pombal, no de Tomar e no de Zêzere, seus contemporâneos.
Sobre a porta principal do castelo, uma inscrição epigráfica datada da era de 1209 (1171), menciona, além da naturalidade bracarense de Gualdim Pais e da sua ação militar contra os muçulmanos no Egito e na Síria, a sua ascensão à chefia da Ordem do Templo em Portugal e subseqüente construção dos castelos de Pombal, Tomar, Zêzere, Cardiga e Almourol (...factus domus Templi Portugalis procurator, hoc construxit castrum Palumbare, Tomar, Ozezar, Cardig, et hoc ad Almourol), evidenciando que, naquele ano, o castelo de Almourol se achava, como os demais indicados, já construído.
Entretanto, uma segunda inscrição, sobre a porta interior, informa ter sido na era de 1209 que Gualdim Pais edificou o Castelo de Almourol.
Uma terceira inscrição, sobre a porta da sacristia da igreja do Convento de Tomar, igualmente datada da era de 1209, semelhante à primeira, exceto na enumeração dos castelos, que compreende também os de Idanha e Monsanto, o que evidencia ser esta terceira posterior à primeira, de vez que estes dois últimos castelos são de edificação posterior a 1171.
Os Templários auxiliaram os reis de Portugal na conquista do território aos muçulmanos no decorrer do século XII e, graças à segurança militar que proporcionaram, foi possível o povoamento de toda essa região.
Inicialmente, foram os responsáveis pelo território situado entre Coimbra e Leiria, mas, em 1159, D. Afonso Hemriques doou-lhes o Castelo de Ceras, com toda a sua região, estabelecendo aí a sede da Ordem, antes de Gualdim Pais dar início à construção do Castelo de Tomar (Thomar). Mais tarde, são fundados os Castelos de Almourol, Zêzere e Pombal, com vista à defesa de uma fronteira sul, último reduto contra os Mouros, cujo limite era assinalado pelo rio Tejo.
Pelos seus excelentes serviços militares e de povoamento, receberam amplas doações régias que se estendiam entre Idanha-a-Velha e o Castelo de Belver.

Medieval: Ordem do Templo em Portugal



Dois meses apenas após a comparência do fundador da Ordem do Templo perante o Concílio de Troyes - cujo papel acabaria por ser decisivo para o reconhecimento e desenvolvimento da Ordem -, um dos seus companheiros recebeu uma primeira doação importante em Portugal. Em 19 de Março de 1128, a Rainha Teresa, viúva do Conde Henrique e tutora do seu filho Afonso Henriques, concede ao Templo o Castelo de Soure e respectivas dependências. Rapidamente, outras doações vêm juntar-se a esta. Não são necessariamente feitas por senhores poderosos, mas são em grande número. Assim, entre 1128 e 1130, 19 bens fundiários, incluindo vários domínios rurais, são atribuídos integral ou parcialmente ao Templo. Em Junho de 1145, D. Sancha, filha da Rainha Teresa, e o seu marido doam ao Templo o Castelo de Longroiva, na Estremadura Portuguesa, bem como as suas inúmeras dependências na região da metrópole de Braga. Nesta mesma cidade, o arcebispo João concede à Ordem, nesse mesmo ano, uma casa, um hospital para os peregrinos e metade dos rendimentos eclesiásticos da cidade, incluindo os dízimos. Paralelamente, os templários praticam uma política activa de compras que se conjuga com a piedade dos fiéis, cujos legados testamentários são regulares e importantes.

A partir de 1143, presença permanente dos Templários em Portugal
Os primeiros sinais tangíveis de uma presença permanente da Ordem do Templo no reino surgem a partir de 1143, ano em que um templário francês, Hugues de Martone, foi qualificado como procurador do Templo em Portugal. No ano seguinte, a pequena guarnição templária do Castelo de Soure é destruída durante um confronto com as tropas mouras de Santarém. Em 1147, os Templários conseguem a sua desforra, participando na tomada desta cidade e, em troca dos seus esforços, a Ordem obtém do Rei a autorização para receber todos os direitos cobrados em Santarém a título religioso.

No final dos anos 1150, sob o magistério de Gualdim Pais, o quarto Grão-Mestre português da Ordem do Templo no reino, inicia-se a extraordinária expansão da Ordem. Durante esta década, o Templo recebe do Rei um importante domínio agrícola na confluência do Nabão com o Zêzere, onde inicia a construção do Castelo de Tomar, que se tornará a sede do Templo em Portugal, e mais tarde do seu sucessor, a Ordem de Cristo. Uma década mais tarde, no âmbito de uma vasta doação de terras a sul do Tejo, mas que nunca passará de letra-morta, o Rei insiste em que os recursos da Ordem sejam utilizados apenas no reino e, nomeadamente, para prosseguir com a reconquista.