Medieval: Ordem do Templo em Portugal



Dois meses apenas após a comparência do fundador da Ordem do Templo perante o Concílio de Troyes - cujo papel acabaria por ser decisivo para o reconhecimento e desenvolvimento da Ordem -, um dos seus companheiros recebeu uma primeira doação importante em Portugal. Em 19 de Março de 1128, a Rainha Teresa, viúva do Conde Henrique e tutora do seu filho Afonso Henriques, concede ao Templo o Castelo de Soure e respectivas dependências. Rapidamente, outras doações vêm juntar-se a esta. Não são necessariamente feitas por senhores poderosos, mas são em grande número. Assim, entre 1128 e 1130, 19 bens fundiários, incluindo vários domínios rurais, são atribuídos integral ou parcialmente ao Templo. Em Junho de 1145, D. Sancha, filha da Rainha Teresa, e o seu marido doam ao Templo o Castelo de Longroiva, na Estremadura Portuguesa, bem como as suas inúmeras dependências na região da metrópole de Braga. Nesta mesma cidade, o arcebispo João concede à Ordem, nesse mesmo ano, uma casa, um hospital para os peregrinos e metade dos rendimentos eclesiásticos da cidade, incluindo os dízimos. Paralelamente, os templários praticam uma política activa de compras que se conjuga com a piedade dos fiéis, cujos legados testamentários são regulares e importantes.

A partir de 1143, presença permanente dos Templários em Portugal
Os primeiros sinais tangíveis de uma presença permanente da Ordem do Templo no reino surgem a partir de 1143, ano em que um templário francês, Hugues de Martone, foi qualificado como procurador do Templo em Portugal. No ano seguinte, a pequena guarnição templária do Castelo de Soure é destruída durante um confronto com as tropas mouras de Santarém. Em 1147, os Templários conseguem a sua desforra, participando na tomada desta cidade e, em troca dos seus esforços, a Ordem obtém do Rei a autorização para receber todos os direitos cobrados em Santarém a título religioso.

No final dos anos 1150, sob o magistério de Gualdim Pais, o quarto Grão-Mestre português da Ordem do Templo no reino, inicia-se a extraordinária expansão da Ordem. Durante esta década, o Templo recebe do Rei um importante domínio agrícola na confluência do Nabão com o Zêzere, onde inicia a construção do Castelo de Tomar, que se tornará a sede do Templo em Portugal, e mais tarde do seu sucessor, a Ordem de Cristo. Uma década mais tarde, no âmbito de uma vasta doação de terras a sul do Tejo, mas que nunca passará de letra-morta, o Rei insiste em que os recursos da Ordem sejam utilizados apenas no reino e, nomeadamente, para prosseguir com a reconquista.

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